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Prezados amigos e leitores,

A partir da QUINTA-FEIRA, 20 DE FEVEREIRO, todo o conteúdo a ser publicado neste blog estará sendo veiculado no site Midia Sem Máscara, pois esta página estará sendo desabilitada. Sandro Guidalli e Paulo Leite irão concentrar seus artigos e comentários lá e também continuarão sendo acessados no Offmidia.

Convidamos a todos os leitores, que nos dão a honra de suas visitas nesta página diariamente, a visitar este dois sites acima mencionados a partir então da data já anunciada. Esperamos vocês todos lá. Muito obrigado pela audiência.

Atenciosamente,

Sandro Guidalli e Paulo Leite
Editores

O Salvador do Mundo
Por Maria Lucia Victor Barbosa

Sobre uma das paixões nacionais, o futebol, já foi dito certa vez: "O Mundo se curva para o Brasil". A frase foi lenitivo para a alma brasileira tão pobrezinha em valores pátrios, para o ego coletivo carente de afagos mundiais, para o espírito popular que necessita de algo em que acreditar.

Agora um presidente popstar em eterna campanha, preenche funções psicológicas de Copa do Mundo. Como um ídolo que ser fez carne e habitou entre nós, ele peregrina entre as multidões, recebe seus afagos e pedidos, promete a multiplicação dos pães. Com seus poderes mágicos redescobre o fogo, reinventa a roda e declara triunfante: "0 Brasil é o líder da América Latina", o que pode ser traduzindo por: eu sou o líder da América Latina.

Não há novidade na liderança brasileira considerando-se a precariedade política e econômica de uma América que poderia ter dado certo e não deu por conta de sua "embriogenia" defeituosa, da má administração de seus governantes, de seus Estados perdulários, corruptos, clientelistas, populistas, nacionalisteiros, de tudo, enfim, que manteve ao longo dos séculos as sociedades desiguais, a pobreza endêmica, a mentalidade do atraso onde valores funcionam com sinais trocados. Em tal ambiente onde proliferam caudilhos avessos à democracia, de distorções sociais, de fragilidade econômica, o Brasil Continental, apesar de compartilhar das mazelas latino-americanas, se impôs economicamente. Origina-se daí a tradicional rivalidade com a Argentina que tendo tido sua época de ouro, de 1880 a 1914, conduziu ao poder Juan Domingo Perón, o supercaudilho idolatrado pelas massas, pelos descamisados, pelos sindicatos que ele manejou tão bem quanto Getúlio Vargas. Perón levou seu país ao obscurantismo autóctone e o arruinou política e economicamente. A partir daí a Argentina nunca mais atingiu outra idade de ouro.

Agora surgiu um salvador da América Latina. Nas caravelas da utopia socialista ele é a argamassa que sedimentará a revanche contra o império. Aponta para o naufragado Mercosul e tenta reergue-lo das águas caóticas da incompetência. Mas isso é pouco e nosso herói parte para salvar o mundo. Antes dá uma passadinha no Fórum Socialista, Nudista, Antiamericanista, Antiglobalização, Anti-semita, Anti-progresso onde é saudado em delírio por tribos de várias procedências. Dali vai a outro Fórum e em meio às neves suíças é tratado com respeito, curiosidade, polidez, diplomacia. Então dá o recado certo para o público certo: "o que o mercado mandar, faremos todos", e isso é chamado de esquerda madura. Ao mesmo tempo, pede pelos famintos do Brasil do mundo. Existe melhor maneira de apaziguar a má consciência dos ricos? Não há. O apelo pode resultar para nós em milhões de dólares, só que não se sabe nem como, nem onde, nem quando será usado o dinheiro.

Mas o salvador do mundo, na sua volta da Suíça, deu uma passada na França. Ah, Paris, que fascinante! E mais uma vez funcionou o antiamericanismo, desta vez europeu, o que fez juntar a fome com a vontade de comer (isso não tem nada a ver com o Projeto Fome Zero). Esboçou-se um nebuloso casamento entre Mercosul e União Européia, mas com separação de subsídios.

Vai-se assim construindo o mito da salvação. A fórmula do sucesso é paz e amor. Muito comovente e conveniente. O problema é que poucos mitos prevalecem nesse mundo da velocidade e da transitoriedade. Geralmente mitos esbarram na realidade e quando isso acontece não há marketing que salve. Porém existem outros mecanismos de sustentação do poder e já se fala em 12 anos de governo Lula. Quem entende bem dessas coisas é Fidel Castro e Hugo Chávez. Quem sobreviver, verá.